terça-feira, 22 de novembro de 2016

O Pesadelo


"Esta Carta, foi escrita em um café nas proximidades da casa, em Almada, foi Premiada e publicada na revista Domingo Magazine que faz parte da edição  9591 do Correio da Manhã. Domingo, 28 de Agosto de 2005. Um amigo que trabalhou comigo na faculdade Piaget em Almada a leu antes da publicação e disse com um sorriso no rosto que, a carta tinha grandes chances de ser publicada, e assim foi. Quando no momento oportuno o encontrei ele me aconselhou a ler sempre e jamais parar de escrever, e desde então tenho colhido os frutos de todo o meu trabalho e dedicação e hoje estou vivendo em Uberlândia-MG."


Pesadelo


 O Cansaço levou-me mais cedo para a cama, depois de uma semana difícil e natural o sono roubar-me a lucidez e entre uma imagem e outra, uma recordação ou talvez apenas mergulhado nas minhas mais intimas fantasias, fui-me entregando aos poucos caindo num sono profundo. Novamente as imagens regressaram só que agora estou no meio de um acidente, e nele vejo pessoas conhecidas morrendo, tento pedir ajuda mas quem me atende diz que perdi o emprego; corro em desespero mas ninguém me vê, porque todos fogem de algo também e só vejo desgraça à minha volta, crianças sofrendo abusos, jovens sendo violadas, mulheres sendo agredidas pelos próprios maridos que um dia lhes juraram amor eterno. Continuo a correr mas a tristeza permanece, o fogo esta em todos os lados, destruindo o verde, queimando aldeias e matando pessoas, jovens na prostituição, na droga, roubando e até matando. Levando o terror para dentro dos próprios lares e a seca castigando plantações e deixando muitos sem água. Quem tem o poder não faz nada, nem sequer os vejo e muito menos sei quem são; já a confiança desapareceu na altura em que a verdade deixou de ser verdadeira. Continuo correndo e me deparo com a fome, o abandono e a violência que quando menos esperamos faz mais uma vitima. De repente acordo, é madrugada e o calor é intenso, o meu corpo esta coberto de suor e o meu coração bate acelerado, olho para o relógio e vejo que ainda são 03:00 horas. E agradeço a Deus por ter sido só um pesadelo e nada mais.

Ricardo Ferreira Barbosa (Lisboa)


 Caro Ricardo
A esperança é a ultima coisa a morrer. Ainda bem que tudo não passou de um pesadelo.
Jorge Araújo (Escritor e Editor)

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